Superintendente do SAAE diz à CPI que apagões causam sérios prejuízos à autarquia
15/06/2023
Em depoimento à CPI que apura as causas dos apagões na cidade, o superintendente do SAAE, Pedro Cláudio Salla, afirmou nesta quarta-feira, no plenário da Câmara, que a autarquia municipal de água e esgoto sofre prejuízos constantes com as interrupções no fornecimento de energia sob responsabilidade da concessionária CPFL Piratininga.
Inquirido pelos membros da comissão de inquérito, Pedro Cláudio Salla disse que as oscilações de energia causam danos a equipamentos e à tubulação da rede de abastecimento de água. Tanto a baixa voltagem quanto a alta voltagem – explicou -- afetam o funcionamento dos equipamentos e, após uma queda brusca de energia, “ocorre de às vezes ela voltar em seu pico o que faz com que o bombeamento de água dê um tranco que pode levar à ruptura da tubulação”.
O superintendente da autarquia esclareceu, contudo, que as maiores despesas são provenientes do uso dos geradores. “Os nossos sistemas de monitoramento são muito sensíveis e qualquer alteração de voltagem faz com que equipamentos sejam desligados e os geradores a diesel, ativados instantaneamente, principalmente para o bombeamento do esgoto para as estações de tratamento. Acontece que energia obtida a partir da queima de óleo diesel tem custo muito mais elevado do que pelo fornecimento normal pela CPFL”, disse.
Funcionário do SAAE há 47 anos, o superintendente também afirmou que o relacionamento da autarquia com a concessionária piorou nos últimos anos, mesmo sendo o SAAE um dos principais clientes da CPFL, com uma conta mensal superior a R$ 2 milhões. “Neste período ocorreram vários problemas”, relatou ele. Além das frequentes oscilações de energia, a CPFL não atendeu a solicitações da autarquia de importantes ligações elétricas para a entrada em funcionamento de estações elevatórias de esgoto e ampliação de estação de tratamento de água -- um dos pedidos tendo sido feito há 15 meses. “Temos 90 pontos de ligação e qualquer problema no fornecimento de energia gera problemas para o nosso consumidor, pois deixamos de atendê-lo a contento” e citou os casos de insatisfação dos moradores do Indaiatuba Golf Club, do Vale do Sol e do conjunto habitacional Céu Azul. “Para o consumidor insatisfeito, a culpa sempre é do SAAE”, frisou.
Salla expôs a situação do loteamento Vale do Sol, quase na divisa de Campinas: “Fizemos lá um grande trabalho, um grande investimento, construímos uma estação elevatória e centenas de ligações, mas até o momento não podemos liberar a utilização da rede de esgoto porque não temos energia para pôr em funcionamento a estação”.
Indagado sobre eventual ressarcimento da CPFL ao SAAE em razão dos prejuízos, o superintendente afirmou que nunca houve qualquer tipo de indenização ou desconto no valor da conta de luz, “embora eu sempre pense em obter o ressarcimento de algum modo”. Nesse instante, o vereador Alexandre Peres comentou: “Precisamos elaborar uma lei que cobre o ressarcimento, porque a população não pode arcar com os custos dos prejuízos do SAAE”.
Pedro Cláudio Salla prosseguiu dizendo que, quando o sistema fica parado por algumas horas por falta de energia, surgem mais dois grandes problemas: uma baixa no faturamento da autarquia e uma piora na relação do SAAE com o usuário. “Gostaria de dizer que a companhia de energia está nos atendendo, mas isso não seria verdade”.
Ao final de seu depoimento, Pedro Cláudio Salla entregou ao presidente e ao relator da CPI, Arthur Spíndola e Othniel Harfuch, documentos que, na sua opinião, atestam o descaso da concessionária para com o SAAE, inclusive das reclamações formuladas pela autarquia à Ouvidoria da CPFL e junto à ANEEL, a agência federal que regula o fornecimento de energia elétrica no País. “Uma das nossas metas é chegar a 100% de água e esgoto tratado no município”, afirmou. Mas o objetivo pode não ser alcançado, segundo ele, porque “somos totalmente dependentes de energia”. E concluiu: “Também vim aqui para deixar o meu protesto por tudo que o SAAE está passando”.
RECLAMAÇÕES
Na mesma reunião – a 3ª ordinária da CPI -- foi colhido o depoimento do diretor do Procon, Ivan Gílio. Instado sobre o volume de reclamações que chegam ao órgão de proteção ao consumidor acerca do serviço prestado pela CPFL, Gílio apresentou os dados dos últimos 29 meses: 99 reclamações em 2021 (com 87 resoluções), 53 reclamações em 2022 (com 44 resoluções) e 19 reclamações nos primeiros 5 meses de 2023 (com 8 soluções). Os tipos mais comuns de reclamação – listou o dirigente -- tratam de negativação indevida, faturas não entregues, quedas constantes de energia, troca de poste e queima de aparelhos eletrônicos.
Ao se despedir, Ivan Gilio deu os parabéns aos membros da CPI. “Neste último mês (referindo-se ao período de funcionamento da comissão de inquérito) houve uma redução imensa no número de reclamações”.
PRÓXIMOS DEPOIMENTOS
Ficou agendada para a segunda-feira, dia 19, às 10h, a próxima reunião da comissão de inquérito. Nela serão ouvidos os secretários Luiz Alberto Cebolinha (Governo) e Robenilton Oliveira Lima (Obras e Vias Públicas).